Preciso confessar uma coisa : eu choro assistindo retrospectiva de estranhos.
Eu explico! No buffet onde trabalho, os pais tem a opção de fazer um CD com slide de fotos e musiquinhas bonitinhas e emocionantes que fazem as pessoas chorarem. E, toda vez que o dono da festa seleciona a opção RETROSPECTIVA, minhas glândulas começam a trabalham com afinco, para que eu consiga chorar muito no meio da festa quando assistir.
Para quem me conhece, não é preciso dizer que eu não sou do tipo que chora na frente das pessoas. Eu tenho o orgulho do tamanho de um elefante, e odeio que as pessoas vejam minha sensibilidade de menininha boboca. Mas... com a retrô é inevitável.
Eu não aguento ver aquelas fotos das mães grávidas e dos maridos com cara de bobos, rindo a toa. Aí as crianças vão crescendo, tem fotos com os avós, tios, primos...!
Buááá, glândulas da vergonha prontas pra atacar. Eu choro demais.
Não sei se acontece a mesma coisa com as outras meninas que trabalham lá, mas isso me faz pensar muito sobre um dia ter uma família.
Acho que estou sofrendo com a crise dos 30 anos, mesmo tendo 18. Talvez seja a convivência...
Eu tenho a sensação de que nunca vou ter um filho, nunca vou ter um marido. Olhando todas aquelas fotos e festas, gente alegre, eu tenho a sensação de nunca conseguir fazer igual. Aí fico ridiculamente triste, como se o mundo fosse acabar e eu fosse uma inútil.
Quando eu tinha 14 anos, achava que para alguém gostar de mim, eu teria que ser bonita.
Consegui deixar de ser patinho feio, mas nada aconteceu.
Então, quando tinha 15, descobri que eu tinha que rever meus valores. Tirei de mim tudo o que era ruim. Não adiantou.
Aos 16, eu descobri que ser bonitinha e ter bom coração, também não bastava. Que era preciso coragem pra viver as coisas. Pois bem, lá fui eu atrás da coragem.
Agora tenho 18. Sou corajosa, bonitinha, tenho bom coração. Ainda não saí do psicólogo, mas continuo tentando.
" Não há nada de errado com você. As coisas acontecem no momento certo."
Espero que haja o momento certo pra mim. Que todas as coisas que eu vivo desde que ainda era uma pirralhinha que achava que era adulta, tenham servido para alguma coisa.
Quando isso acontecer, acho que poderei dar bye bye para minha psicóloga querida e férias para minhas glândulas lacrimais malditas.
:*